O interesse dos consumidores em veículos elétricos tem aumentado a cada lançamento automotivo que chega ao Brasil. E prova disso é que uma nova marca chinesa que inicia as atividades no país pode fechar parceria com uma empresa de mobilidade. Trata-se da 99, que também segue fortalecendo sua estratégia de eletrificação da frota e anunciou a expansão da categoria exclusiva de carros elétricos para Brasília.
A iniciativa, batizada de Electric Pro, foi inaugurada inicialmente em São Paulo no fim de 2023 e já acumula mais de 10 milhões de passageiros transportados. Agora, a capital federal se torna a segunda cidade brasileira a contar com o serviço, que deverá ser implantado em mais capitais até o fim de 2025.
“A ideia desde o início foi democratizar o acesso ao carro elétrico para o motorista de aplicativo e, ao mesmo tempo, oferecer uma experiência diferenciada para o passageiro. Não basta lançar a categoria, é preciso garantir uma boa experiência para quem usa e para quem dirige”, diz Thiago Hipólito, diretor de Inovação da 99, em entrevista exclusiva à CNN Auto.
A categoria Electric Pro reúne veículos movidos exclusivamente a bateria. Segundo o app, motoristas podem reduzir até 80% em custos com combustível e manutenção. Além disso, os motoristas recebem, em média, 70% a mais no valor das corridas realizadas nessa categoria, além de pagarem uma taxa reduzida à 99 pelo uso do aplicativo. “Em média, o motorista economiza entre R$ 2.500 e R$ 3.000 por mês. É um ganho real e direto no bolso, sem contar a redução do desgaste mecânico do carro elétrico, que é naturalmente mais simples de manter”, afirmou.

Apesar os carros elétricos já estarem em todos os estados brasileiros, ainda não há categoria Electric Pro em todas as capitais. Segundo o executivo, isso depende de um critério técnico baseado na oferta mínima de veículos para garantir o bom funcionamento da categoria. “A gente precisa equilibrar a oferta e a demanda. Só lançamos em uma cidade quando temos carros suficientes para garantir uma boa experiência para os passageiros. Isso faz parte do nosso modelo de operação”, ressaltou.
GAC pode ser parceira também no Brasil
Outro ponto estratégico é a proximidade da 99 com a montadora chinesa GAC, que iniciou suas atividades no Brasil neste 2025. A GAC já atua junto à controladora da 99, a Didi, na China, inclusive em projetos de veículos autônomos. “Firmamos uma parceria na China para o desenvolvimento de carros autônomos e, com a chegada da GAC ao Brasil, enxergamos uma boa oportunidade de integração. Os carros elétricos deles têm ótimo potencial para a nossa operação”, avaliou.
Na China, as empresas apresentaram no Salão do Automóvel de Xangai 2025 um carro autônomo de nível 4 (L4), derivado do SUV elétrico Aion Y que é vendido no Brasil. O modelo tem 33 dispositivos, câmeras e sensores distribuídos pela carroceria, número 65% superior à média atual do segmento, que gira em torno de 20 sensores por modelo.
Entre eles, dez radares LIDAR, sendo quatro de longo alcance, com capacidade de até 200 metros, e seis posicionados para cobrir pontos cegos, garantindo cobertura completa de 360º e detecção precisa de obstáculos a até 10 centímetros. A central de processamento também chama atenção pela capacidade de 2.000 TOPS (trilhões de operações por segundo), valor que supera a performance combinada de mais de 60 smartphones de última geração ou cerca de dez GPUs avançadas.

As primeiras entregas do táxi autônomo DiDi e 99 estão previstas para o fim de 2025 em Guangzhou, na China, com expansão para a capital Pequim a partir de 2026. A produção voltada ao consumidor final, porém, permanece em estágio preliminar, enquanto as prioridades da marca seguem concentradas em mobilidade urbana compartilhada e frotas comerciais.
Se carro 100% autônomo ainda não é realidade no Brasil, pelo menos há possibilidade da GAC seja convidada a participar da Aliança pela Mobilidade Sustentável, criada pela 99 em 2022 e que já conta com as chinesas BYD e Caoa Chery.
A seleção dos veículos para integrar a categoria elétrica da 99, explicou Hipólito, segue critérios técnicos rigorosos. “Analisamos autonomia e custo de aquisição como dois fatores prioritários. O carro precisa ter preço competitivo e oferecer boa autonomia para atender a rotina pesada do motorista de aplicativo”, afirmou.
Além de ampliar a frota elétrica, a 99 também lança o 99 Food, serviço de entrega de refeições que estreia nos próximos dias em Goiânia, antes de chegar a outras cidades. A aposta faz parte da estratégia de tornar a 99 uma plataforma completa de mobilidade e conveniência urbana.